Como me impediram de postar quem sou eu no espaço reservado para isto, aí do lado esquerdo, resolvi me utilizar deste outro espaço, destinado a coisas mais importantes do que falar sobre a minha "pessoa".
Quem sou eu? Algo próximo do que se descreve abaixo desta frase que termina neste ponto final.
Olá, eu sou o Juca. Me disseram que para fazer sucesso é preciso ter um nome bonito, algo chamativo, pop, universal. Mas eu não sou muito bom nisso, afinal sou um simples cachorro vira-lata que vive numa casa normal, com donos normais. Mas eu sou curioso, chato e prepotente ao ponto de me achar uma pessoa. Me acho várias outras coisas também, menos humano. Isso nunca. A parte do que sou, existe o eterno deleite que a observação do mundo, das coisas e das pessoas me causa. Me divirto, me encanto, me entristeço e me inspiro só de observar tudo o que me rodeia. Pode ser essa parede branca ou o tampo de vidro sob o qual me deito todos os dias. Mas, claro, o que mais me chama atenção são as pessoas humanas, suas interações entre si e com o mundo. Sou tão marcado por tudo isso que, num dado momento da minha vida, resolvi parar de “apenas” pensar e começar a escrever estas minhas impressões. Não porque as julgue importantes. Não, longe disso. Apenas porque elas são tantas que estão causando um certo incômodo aqui dentro do meu cérebro, que é pequeno, como todos sabem. Um minuto, ouvi um barulho, vou até a porta latir (será que eu devo escrever “latidos ao fundo” para transmitir mais veracidade a este relato?). Pronto, voltei. Então, cansado que estou de apenas olhar e pensar, resolvi vir aqui falar e dividir, porque acho que é disto que o mundo precisa, diálogo, comunicação, divisão. Não pela importância do conteúdo que quero transmitir. Quantas e quantas pessoas já pensaram, pensam e vão pensar sobre isso. Quantos gênios já escreveram as mais belas obras sobre estes temas que nos permeiam (obras que não li, por motivos caninos óbvios). Mas, no fundo, nada é de ninguém e tudo é de todo mundo (se é que há alguma outra afirmação mais inócua que esta, por favor, me avisem). Porém, embora ache que tudo é de todos, tenho que admitir que existe uma exceção: a minha bolinha. Ela é só minha. Logo, como eu tenho a minha exceção, creio que todo mundo tenha a sua e, de tanta exceção, vivemos num mundo tão complicado e dividido. Todo mundo se matando para delimitar suas posses, o que é seu e o que pode ou não ser do outro. Todo mundo querendo tudo pra si (ah se todo mundo tivesse uma bolinha como a minha...). Ou vocês acham que eu não vejo TV, não ouço rádio, não acesso a Internet? Sou um cachorro moderno. Estou conectado ao mundo, das mais variadas formas. Já mandei até email para o SAC da fabricante da minha ração! Sou tão moderno que as dores do mundo que afetam vocês, pessoas humanas, passaram a me afetar também. Eu também sofro, choro por um sem motivo de coisas. Também tenho depressão. Minhas crises existenciais são tão extensas e profundas quando as de vocês. Já me espantei com Sócrates, Aristóteles. Já passei por Locke, Hume. Até Santo Agostinho já me tomou tempo. Mas superei esta fase, e também já gritei aos quatro ventos através dos meus latidos “Deus está morto”. Aliás, assim também falou Zaratustra, com razão e bem antes de mim. Já partilhei da náusea de Sartre, e do pessimismo realístico e mal-interpretado de Schoppenhauer. Por essas e outras me chamam de Juca, o cão filósofo. E como achei que houvesse um pingo de “marketing” nesta alcunha, resolvi adotá-la, e assim me descreverei daqui pra frente. Espero poder dividir e comunicar o que sinto e o que penso. E, pra terminar, não se surpreenda se os sentimentos e os pensamentos de um cachorro como eu não forem tão diferentes dos seus.