terça-feira, 19 de maio de 2009

Há dias. Há tempos.


Há dias em que só há chuva

Há dias em que só chove aqui por estas bandas

E até o verde da planta molhada se tinge do tom monocromático do céu

E são estes tons de cinza que pintam a abóbada que trazem a cor da vida pra terra.

Engraçado. São os contrastes se completando.

Engraçado como há dias em que se percebe a imensidão e complexidade da vida em cada pequeno pedaço do mundo.

Engraçado como há dias em que queremos o que não temos.

Sim, há dias em que há sol e o que eu mais quero é água.

E nos dias de água, como estes, como hoje, eu só queiro deitar e olhar o mundo se molhar.

(enquanto me perco a pensar no sol)

Vez ou outra o vento bate mais forte e desvia algumas gotas em minha direção, como se quisesse me dar o gostinho da água que cai do céu.

Como se enxergar todo este excesso de mundo não me fosse o suficiente.

Ah, é tanto mundo ao meu redor que eu fico tonto.

Há dias em que que há mundo para todos os lados que eu olho.

Tenho pensado bastante e, definitivamente, eu sei muito menos sobre mim mesmo do que eu imaginava.

Há tempos em que só havia respostas.

E há dias, como hoje, em que só há perguntas.

E o sentimento termina onde começa a próxima dúvida.

Sim, há dias em que só há dúvidas.

Duvido, inclusive, se sou realmente eu a escrever e a duvidar de mim e do mundo.

Há dias em que nenhum sentimento é pleno.

Há a sensação de ser e de não ser, uma na metade da outra.

E há dias em que deito e olho para este céu cinza como o de hoje a observar o pensamento se esvair nas gotas que correm apressadas quando alcançam o chão.

E há momentos que duram a eternidade da chama de uma vela acesa sob a chuva de hoje.

E há instantes em que fito as nuvens me perguntando se por trás delas virá o azul do céu e o calor do sol.

Ou se virá mais nuvens, mais cinza.

E se vier mais chuva, que venha.
E nunca se saberá se há dias há tempos.
Ou se hoje, agora.

Pois se há, ou se houve , haverá sempre palavras a serem escritas.
E se há mais palavras, há mundo, há vida.
E ambos só hão de ser, ou de haver, pois há palavras para descrevê-los.

Escrevo, logo existo.

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