domingo, 15 de fevereiro de 2009

A complexidade que emerge das simplicidades



(Hoje eu não estava me sentindo bem. Sei lá, um vazio. Uma falta de algo que eu não sei o que é. Ia pra lá, voltava pra cá. Deitava no tapete, na varanda, na cama. E nada. Nada do sentimento passar. Meus donos, preocupados, me deram comida, um pedaço suculento de carne, um biscoito daqueles que eu mais gosto. Mas não era disso que eu precisava. Mas serei sincero ao assumir que não fiz questão alguma de resistir a nenhum destes pecadinhos que me foram oferecidos. Sou cachorro, não sou hipócrita. E a cada tentativa de me agradar, eles achavam que tudo estava resolvido. Engraçado como essas pessoas humanas enxergam as coisas de forma tão simplista. Para eles um cachorro funciona segundo esta equação: comportamento diferente do padrão significa “cachorro com fome”. E me dão comida. Mas não, não era só fome. E o raciocínio deles prossegue assim “cachorro comeu e não melhorou => biscoito canino”. OK, eu também gosto dos biscoitos, mas não é bem isso. São outras as vontades, as fomes e as sedes. Não as do estômago, obviamente. Mas as do cérebro (engana-se quem pensa que eu acredito em alma). São outras coisas. Não necessariamente coisas novas, desconhecidas. Mas coisas que são frutos das complexas relações que as coisas simples e conhecidas estabelecem entre si. Não são as coisas que me encantam, mas sim suas relações. É aí que está a mágica, se é que há alguma. Não basta me dar comida para saciar minha fome. Não basta água para saciar a sede. A própria língua que vocês falam atribui sentidos diversos a estas palavras, dependendo do contexto. Por que raios deveria ser diferente comigo?!? Que maldito costume de achar que tudo é simplista e que complexo é sinônimo de ininteligível. Enfim, foi sobre isso que escrevi).


Cabisbaixo com o mundo, sigo sentado sem conseguir atingir sucesso na minha eterna tentativa de me concentrar em um assunto qualquer. Nada fica por muito tempo, nem mesmo a idéia que pretende permear este texto. Por isso tenho pouco tempo para escrever sobre esta fagulha de pensamento que ainda existe em mim.


Cabe aqui, nesta efêmera janela de tempo que se abriu para através dela estar apto a expressar o que sinto, dizer que nada do que aqui se diz, ou se escreve, ou os dois, tem utilidade para qualquer outra pessoa que não a mim mesmo. Se é que há alguma utilidade de fato.


Mas, curiosamente, não é que me ocorre uma ponta de surpresa ao ler o que escrevo? Como se pudesse ficar surpreso com o que sei que estou pensando.


Talvez ver um pensamento traduzido em palavras seja diferente. É como se o mesmo fosse outro.


Escrevo o que sinto de forma distinta. Meus olhos vêem a descrição do que sinto de forma diferente dos meus outros sentidos, e talvez seja este o fato que intrigue há tanto tempo a humanidade.


O que é sentir ou pensar se não uma interação complexa entre os sentidos simples do corpo humano? Como descrever tão bem um arrepio que se sente perante uma pessoa querida que não se vê há tempos?


Ler algo como “estou arrepiado” não provoca o mesmo efeito de sentir o tal arrepio.


Quantas palavras são necessárias para se fazer iguais às sensações provocadas por um sentimento?


Como reproduzir as reações químicas necessárias que nos fazem sentir, apenas com símbolos e signos colocados de forma ordenada em nossa frente, numa folha de papel ou em um blog da internet?


Será a soma das partes diferente do todo que elas formam?


Será que a linearidade, o simplismo, esta visão mecanicista, pseudo-newtoniana, estaria fadada a perecer perante à complexidade (inteligível) do mundo?

Um comentário:

  1. Josééé, nao nao Jucaaaa rsss... =P
    Legal isso aquiii pra quando nao tiver nada pra fazer viu kkkk... ; )
    BRINCADEEEEEIRA, legal a ideia os pensamentos e td mais! O Tully vai fazer um tb!
    Tully Um cão mto loko ok??!!! rsss.....
    Tully e eu???? rssss.....
    Enfim enfim.. Conta historias engraçaaadas poxa, tipo de tentar pegar um passarinho na varanda e quase morrer...rss....
    Bjokss

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